Sabe-se que o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, dislipidemias (colesterol e triglicerídeos elevados), diabetes, distúrbios hepáticos e psicossociais, tem início precoce através de uma alimentação inadequada na infância e adolescência.
Com a cultura de fast foods, biscoitos recheados, refrigerantes, frituras e sedentarismo, não é difícil nos depararmos com adolescentes com sobrepeso e níveis de colesterol e triglicerídeos elevados. Esses adolescentes, além de terem um grande risco de persistirem obesos quando crescerem, têm mais chances de adquirirem uma doença crônica na vida adulta.
Além da alimentação, existem inúmeros fatores que influenciam crianças e adolescentes ao sobrepeso, como: genética, influência familiar, fatores ambientais e culturais e condições socioeconômicas. Hoje em dia, é comum adolescentes deixarem de se exercitar em detrimento de vídeo games e internet, além da mídia influenciando-os desde crianças a uma alimentação rica em gorduras saturadas e trans, açúcares e pobres em frutas, legumes, verduras e fibras.
Na adolescência, estamos em crescimento constante. Nutrientes são importantíssimos nesta época para o desenvolvimento de órgãos e sistemas. Deve-se adequar o consumo de macronutrientes (carboidrato, proteína e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais), além de uma hidratação adequada. A dieta deve ser qualitativa em vez de quantitativa. Frutas, inclusive as oleaginosas (castanhas, nozes...), cereais integrais, legumes e verduras (aumentando a ingestão de vitaminas antioxidantes), carnes magras, leite e queijo branco, devem substituir cereais refinados (açúcar, pão branco), guloseimas, salgadinhos, queijos gordurosos etc.
A quantidade máxima de massa óssea que se pode obter durante o crescimento, é determinante da massa óssea e risco de fraturas na fase adulta. Produtos derivados de leite e vegetais verdes escuros são fontes de cálcio, importantíssimos nesta época. Uma alimentação rica em sódio (sal), presente em embutidos, enlatados, salgadinhos e chips, pode influenciar a absorção de cálcio e futuramente, uma osteoporose, assim como o consumo exacerbado de refrigerantes ricos em cafeína.
Devemos prestar a atenção também no tipo de gordura consumida. A gordura dietética é importante fonte de energia para atividades biológicas, já que são componentes estruturais de todos os tecidos, principalmente o cerebral, mas existem diferentes tipos de gordura. As saturadas (presente na maioria em alimentos de origem animal) e ácidos graxos trans (produzidos artificialmente, presente em margarinas, biscoitos, sorvetes etc) maléficas ao organismo, pois aumentam o colesterol e triglicerídeos sanguíneo, e as insaturadas (divididas em monoinsaturadas e poliinsaturadas, presentes na maioria nos vegetais, óleo de soja, canola, azeite de oliva e peixes) benéficas e importantes para manutenção das funções corporais.
A bicamada fosfolipídica do cérebro humano é composto, na maioria, por gorduras poliinsaturadas ômega 3 e ômega 6. Nossa dieta já é rica em ácidos graxos ômega 6, presente no óleo de soja, por exemplo, mas é pobre em ômega 3, cujas fontes são peixes de água profunda e linhaça.
Estudos indicam então, um aumento na ingestão de ácidos graxos ômega 3 para um melhor desenvolvimento cerebral e aumento de concentração, logo um melhor rendimento escolar. O ômega 3 também possui propriedades antiinflamatórias e antiplaquetárias, que ajudam a prevenir doenças cardiovasculares.
Uma dieta adequada, aliada a uma atividade física, proporcionam benefícios a saúde do adolescente que irão influenciar sua vida adulta, portanto, vale a pena investir desde já para uma melhor qualidade de vida.
LIZA MESQUITA GUARINO GUERREIRO
Nutricionista, pós graduada em nutrição esportiva funcional, Professora da disciplina de Noções Básicas de Nutrição das Faculdades Pestalozzi.